
Milhares protestam no Panamá contra presença militar dos EUA e reabertura de mina

Milhares de estudantes e trabalhadores foram às ruas na capital do Panamá, nesta terça-feira (6), para protestar contra o aumento da presença militar americana no canal interoceânico, a eventual reabertura de uma mina a céu aberto e a reforma do seguro social.
Estudantes, professores, operários, trabalhadores do setor da saúde e ambientalistas rejeitaram o acordo assinado em março passado pelo governo direitista do presidente José Raúl Mulino e pelos Estados Unidos, que permite o deslocamento de tropas americanas para áreas adjacentes ao canal do Panamá.
Os Estados Unidos desmontaram suas bases militares no Panamá ao entregarem aos panamenhos, em 31 de dezembro de 1999, a gestão da via marítima que construíram há mais de um século, em cumprimento a tratados assinados em 1977.
"Desde que Mulino assumiu o comando [em julho de 2024], isto foi para o caralho", disse à AFP Isaac Alba, universitário de 27 anos.
Os manifestantes também exigem que o presidente desista da tentativa de reabrir uma mina de cobre a céu aberto de capital canadense, paralisada pela justiça em 2023, e do projeto de uma represa em um rio para dotar o canal de mais água, o que obrigaria realocar centenas de famílias camponesas.
"O povo se soma à luta e se une em um esforço único" para conseguir anular uma lei que reformou o Seguro Social em março e o acordo "com os gringos", disse à AFP o líder do sindicato da construção, Suntracs, Saúl Méndez.
O convênio com Washington foi assinado em meio a tensões pela ameaça do presidente americano, Donald Trump, de recuperar o canal do Panamá com o argumento de que está sob controle da China.
"Também se deve suspender a reabertura da mina e da represa no rio Indio", acrescentou Méndez.
Mulino afirmou na segunda-feira que o país "não cresce com greves" e que assumia "todo o custo político" pelo descontentamento de muitos panamenhos. "Vou continuar me metendo em temas delicados que requerem solução neste país", acrescentou.
Os protestos e paralisações parciais começaram há três semanas, mas alcançaram uma convocação maciça nesta terça-feira, com a adesão de novos sindicatos, inclusive o de profissionais da saúde.
Embora a lei da reforma do Seguro Social não tenha aumentado a idade de aposentadoria, como Mulino pretendia, os sindicatos asseguram que pôs em risco as aposentadorias dos trabalhadores.
D.Fraser--SMC