
AIEA encontra partículas de urânio na Síria

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) descobriu partículas de urânio durante uma investigação em uma localidade que a organização suspeita ter abrigado um reator nuclear, segundo um relatório confidencial ao qual a AFP teve acesso nesta terça-feira (2).
Neste informe restrito, distribuído ao Conselho de Governadores na segunda-feira, a AIEA disse ter encontrado "uma quantidade significativa de partículas de urânio natural" durante uma visita em 2024.
A descoberta foi feita em um local cujo nome não foi revelado, "que teria estado funcionalmente relacionado" com a localização desértica de Deir Ezzor, no leste da Síria.
A análise das amostras destas partículas "indica que o urânio é de origem antropogênica, quer dizer, foi produzido como resultado de um tratamento químico", segundo a agência de vigilância nuclear das Nações Unidas, com sede em Viena.
Em 2018, Israel admitiu ter realizado, em 2007, um ataque aéreo contra o que qualificou como um reator nuclear em construção.
Em um informe de 2011, a AIEA avaliou que um edifício era "muito provavelmente um reator nuclear que deveria ter sido declarado" a esta agência. A Síria havia negado sua existência.
Em março de 2024, o diretor da AIEA, Rafael Grossi, viajou a Damasco para se reunir com o então presidente sírio Bashar al Assad, posteriormente deposto, a fim de esclarecer as "questões pendentes".
A AIEA foi autorizada a coletar amostras em três locais relacionados com o de Deir Ezzor.
"As autoridades sírias atuais informaram que não dispunham de informação que pudesse explicar a presença destas partículas de urânio", informou a AIEA em seu relatório.
No entanto, em junho de 2025 autorizaram "pela segunda vez" que os inspetores coletassem "amostras ambientais adicionais".
"Uma vez avaliados os resultados, será possível resolver as questões pendentes relacionadas com as atividades nucleares passadas da Síria e encerrar este expediente", segundo o informe.
L.Côte--SMC