
Índia bombardeia Paquistão, que promete "responder"

A Índia bombardeou nesta quarta-feira (7, data local) de madrugada várias zonas do Paquistão, anunciaram ambos os países, com um saldo de pelo menos três mortos, segundo Islamabad, que prometeu "responder", num contexto de tensão máxima desde o atentado cometido na Caxemira indiana em 22 de abril.
Desde que esse ataque armado resultou na morte de 26 homens na parte da Caxemira administrada pela Índia, a comunidade internacional temia novos confrontos entre as duas potências nucleares.
A Caxemira é uma região de maioria muçulmana dividida entre Índia e Paquistão, disputada por ambos os países desde que se tornaram independentes do Reino Unido em 1947.
"Recentemente, as forças armadas indianas lançaram a operação Sindoor, atingindo infraestruturas terroristas no Paquistão [...] de onde haviam sido organizados e dirigidos ataques terroristas contra a Índia", informou o governo indiano em uma breve declaração.
O Exército paquistanês, por sua vez, afirmou que as forças de Nova Délhi atacaram "três regiões" do Paquistão, citando duas cidades da Caxemira paquistanesa, incluindo a principal, Muzaffarabad, e outra situada na região do Punjab, na fronteira com a Índia.
Segundo informou à AFP o ministro paquistanês da Defesa, Khawaja Asif, os bombardeios deixaram pelo menos "três civis mortos, incluindo uma criança".
O Paquistão convocará nesta quarta-feira, às 05h00 GMT (02h00 de Brasília), seu Comitê de Segurança Nacional, composto por autoridades civis e militares, anunciou o ministro da Informação, Ataullah Tarar.
Correspondentes da AFP na Caxemira paquistanesa e no Punjab ouviram fortes explosões.
Do outro lado da Linha de Controle, a fronteira de fato que divide a Caxemira em duas partes, jornalistas da AFP ouviram várias explosões cada vez mais próximas.
"Responderemos no momento que escolhermos", advertiu o porta-voz do Exército paquistanês, o tenente-general Ahmed Chaudhry.
O Exército indiano, por sua vez, acusou Islamabad de "violar mais uma vez o cessar-fogo, ao realizar disparos de artilharia nos setores de Bhimber Gali e Poonch-Rajauri", na Caxemira indiana.
- Ação "equilibrada" -
Em sua conta na rede X, as forças armadas indianas asseguraram ter "respondido de forma apropriada e calibrada".
Um militar paquistanês de alta patente afirmou à AFP que "no momento, [tinha] informações de bombardeios em quatro locais: Muridke e Bahawalpur, no Punjab; e Kolti e Muzaffarabad, na Caxemira".
"Haverá uma resposta dolorosa em breve, isso não ficará assim", acrescentou.
Em meio a esses anúncios, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esperar que os confrontos entre Índia e Paquistão "terminem muito em breve".
Um dos locais atacados pelo "Exército indiano nesta quarta-feira de madrugada é a mesquita Subhan, em Bahawalpur, vinculada — segundo os serviços indianos de inteligência — a grupos próximos ao LeT, o movimento jihadista Lashkar-e-Taiba, com base no Paquistão e suspeito de ataques que, em 2008, deixaram 166 mortos em Mumbai.
"Nossa ação é específica, equilibrada e busca evitar qualquer escalada. Não se mirou em nenhuma instalação militar paquistanesa", esclareceu o governo indiano em sua declaração, na qual afirma ter exercido uma "considerável moderação".
A Índia acrescentou que mantém assim seu "compromisso de fazer com que os responsáveis pelo ataque [de abril] prestem contas".
- Guerra da água -
Pouco antes desses bombardeios, o Departamento de Estado dos Estados Unidos havia informado que convocou Índia e Paquistão a trabalharem por uma "resolução responsável" de seu conflito.
Nova Délhi havia acabado de ameaçar "cortar a água" de vários rios que nascem em seu território e percorrem o Paquistão, em represália pelo atentado de 22 de abril.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, advertiu que "o curso da água pertencente à Índia, que até agora fluía para o exterior, será interrompido".
Por sua vez, o ministro de Irrigação da região paquistanesa do Punjab, Kazim Pirzada, declarou à AFP que haviam "notado mudanças no Chenab que não têm nada de natural" e que "a vazão do rio, antes normal, se reduziu consideravelmente de um dia para o outro".
Diversos especialistas temem um confronto militar aberto entre estas potências nucleares.
Há cerca de dez dias, soldados indianos e paquistaneses trocam tiros com armas leves na fronteira; disparos que, segundo Nova Délhi, até o momento não deixaram vítimas.
S.Morin--SMC