
Zelensky se diz disposto a se reunir 'pessoalmente' com Putin na Turquia

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou, neste domingo (11), estar disposto a se reunir "pessoalmente" com seu contraparte russo, Vladimir Putin, em Istambul, na Turquia, depois que os Estados Unidos sugeriram a necessidade de diálogos diretos para determinar a possibilidade de um acordo de paz.
Moscou e Kiev não dialogam diretamente desde março de 2022, pouco após a invasão russa da Ucrânia, que já deixou milhares de mortos e permitiu à Rússia ocupar cerca de 20% do território ucraniano.
"Esperamos um cessar-fogo total e duradouro a partir de amanhã, que proporcione uma base necessária para a diplomacia", escreveu Zelensky no X.
"Não faz sentido continuar com os massacres. Na quinta-feira, espero Putin na Turquia. Pessoalmente. Espero que desta vez os russos não busquem desculpas", acrescentou.
O presidente ucraniano havia dito pouco antes que estaria disposto a se reunir com os russos em 15 de maio em Istambul, mas deu como condição que Moscou se comprometesse com uma trégua de 30 dias a partir da segunda-feira.
O Kremlin não reagiu de imediato e Zelensky não informou se participaria do encontro caso Moscou rejeite a proposta de cessar-fogo de Kiev e seus aliados.
O presidente americano, Donald Trump, instou a Ucrânia a aceitar a reunião de quinta-feira.
"O presidente russo [Vladimir] Putin não quer um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia, mas uma reunião na quinta-feira na Turquia para negociar um possível fim do derramamento de sangue. A Ucrânia deveria aceitar de imediato", escreveu Trump em sua plataforma, Truth Social.
"Pelo menos, poderão determinar se é possível ou não um acordo: e se não for, os líderes europeus e os Estados Unidos saberão o que esperar e poderão agir consequentemente", acrescentou.
- Negociações diretas? -
Desde que chegou à Casa Branca, em janeiro, Trump fez pressão pelo fim do conflito o mais rápido possível. Também fez uma aproximação com Putin que, no entanto, rejeitou até agora os apelos para um cessar-fogo.
O presidente russo propôs, neste domingo, negociações "diretas" e "sem condições prévias" com a Ucrânia na cidade turca.
Ele o fez no dia seguinte de Ucrânia e aliados europeus darem um ultimato para uma cessação das hostilidades "total e incondicional". Caso contrário, ameaçaram a Rússia com novas "sanções massivas".
Putin evitou responder as ameaças e em seu discurso matinal no Kremlin, ao qual a AFP assistiu, condenou a forma de dar "ultimatos" e a "retórica antirrussa" dos aliados europeus da Ucrânia.
Ele também insinuou que a trégua devia ser acordada em conversas e não antes.
- "Eliminar as raízes do conflito" -
Putin não descartou a possibilidade destas negociações chegarem a um acordo sobre "algum novo tipo de cessar-fogo", mas acrescentou que o objetivo das reuniões deveria ser "eliminar as raízes do conflito".
Com essa expressão, a Rússia frequentemente evoca uma série de recriminações contra Kiev e o Ocidente, que geralmente usa para justificar a invasão. Algumas de suas críticas incluem acusações de "nazificação" da Ucrânia, sua guinada em direção ao Ocidente e a expansão da Otan.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, confirmou, neste domingo, a disposição de seu país em sediar as negociações.
Erdogan disse ao presidente francês, Emmanuel Macron, em uma conversa telefônica, que "um ponto de virada histórico foi alcançado nos esforços para acabar com a guerra entre a Ucrânia e a Rússia", informou a Presidência turca.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saudou o que poderia ser "um grande dia para a Rússia e a Ucrânia" e disse que quer "continuar trabalhando" com ambos os lados para acabar com a guerra.
Mais crítico foi o presidente francês, um dos promotores do ultimato à Rússia, que considerou a proposta de Putin "um primeiro passo, mas insuficiente" e o acusou de querer "ganhar tempo".
O Kremlin até agora se contentou em declarar unilateralmente uma cessação das hostilidades de três dias para marcar o 80º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazista, após um cessar-fogo inicial na Páscoa.
A Ucrânia não aceitou a última trégua russa e exigiu um cessar-fogo de 30 dias.
A.Desjardins--SMC