
Manifestantes em Israel pedem libertação dos reféns em Gaza

Manifestantes foram às ruas de várias cidades israelenses neste domingo (17) para exigir que o governo encerre a guerra na Faixa de Gaza e chegue a um acordo para libertar os reféns ainda mantidos em território palestino.
Uma enorme bandeira israelense com os retratos dos reféns foi hasteada na "Praça dos Reféns" em Tel Aviv, que se tornou um ponto de encontro desde o início da guerra que eclodiu em 7 de outubro de 2023 com o ataque sem precedentes do Hamas a Israel.
As manifestações ocorrem enquanto Israel se prepara para assumir o controle da Cidade de Gaza e dos acampamentos de refugiados vizinhos, com o objetivo declarado de derrotar o movimento islamista palestino e libertar os reféns sequestrados em 7 de outubro.
Este anúncio gerou medo entre as famílias dos reféns, que temem que seus entes queridos morram na operação e exigem um acordo negociado para a libertação de todos os reféns.
Várias estradas principais foram bloqueadas, incluindo a rodovia que liga Tel Aviv a Jerusalém, onde manifestantes queimaram pneus e causaram engarrafamentos, segundo fotógrafos da AFP.
- "Pressionem o Hamas" -
Neste domingo, o primeiro dia da semana em Israel, observou-se uma redução notável na atividade nas ruas de Jerusalém e outras cidades.
De manhã, dezenas de pessoas exigiram, em frente à residência de Netanyahu em Jerusalém, o "fim da guerra" e a "retorno de todos [os reféns]".
Em Tel Aviv, centenas de pessoas, também carregando retratos dos reféns, bandeiras israelenses e faixas amarelas (a cor que simboliza os reféns), começaram a se reunir na "Praça dos Reféns", onde uma manifestação será realizada no final da tarde.
"Estamos fazendo todo o possível para trazê-los de volta (...). Podemos ter divergências, mas a verdade é que todo o povo de Israel quer que nossos irmãos e irmãs voltem para casa", declarou o presidente israelense, Isaac Herzog, nesta praça.
"Quero dizer às famílias enlutadas e preocupadas: estamos com vocês", acrescentou. "E quero dizer ao mundo: (...) pressionem o Hamas".
O Fórum de Familiares de Reféns e Desaparecidos, principal grupo de familiares dos reféns, assim como a oposição e parte dos setores econômicos e sindicais, convocaram uma greve em solidariedade aos reféns neste domingo.
O Fórum declarou em um comunicado que "centenas de milhares de cidadãos israelenses paralisarão o país hoje com uma exigência clara: tragam de volta os 50 reféns, acabem com a guerra".
"Se não os trouxermos de volta agora, nós os perderemos para sempre", alertou.
- "Recompensa para o inimigo" -
Apoiadores de Netanyahu e a extrema direita criticaram duramente o movimento. "Bloquear as principais rodovias de Israel e perturbar a vida de seus cidadãos é um erro grave e uma recompensa para o inimigo", lamentou o ministro da Cultura, Miki Zohar.
A polícia israelense indicou que "milhares de policiais e soldados das forças de segurança da fronteira" foram mobilizados por todo o país e alertou que "não tolerará nenhuma perturbação da ordem pública".
Dos 251 reféns capturados no ataque de 7 de outubro, 49 permanecem presos em Gaza, dos quais 27 teriam morrido, segundo o Exército israelense.
Após 22 meses de guerra, Netanyahu enfrenta uma intensa pressão de Israel e do mundo para libertar os reféns e pôr fim à guerra na Faixa de Gaza devastada pelo conflito, onde mais de 2 milhões de palestinos estão ameaçados de "fome generalizada", segundo a ONU.
O ataque de 7 de outubro matou 1.219 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
A operação israelense em Gaza já causou 61.897 mortes, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.
V.Watson--SMC